terça-feira, 15 de abril de 2008

Horizon

Texto de Everardo em 20 / 09 / 2003

 

Gosto das colinas e das montanhas.

Mas, sou seduzido pelas planícies sem fim,

pelos verdes campos dos pampas,

pelo sol que se põe no horizonte.

Horizonte, acorde de céu e terra,

horizonte que me toca em esperança e me fala do porvir.

 

Atração pelo infinito

que me acompanha

desde menino.

Quando inicio uma caminhada,

por uma nova estrada,

persigo uma linha imaginária...

sem fim.

 

Linha... Impossível, inatingível,

quem pode saber?

Mas ,se eu não der o primeiro passo,

como saberei?

 

Pensando, assim , inicio cada jornada , confiante,

sem ânsia de chegar ao final da estrada.

Importante é a própria caminhada.

 

Viver é seguir em frente,

vencendo cada obstáculo,

aprendendo com cada insucesso,

saboreando cada vitória.

Descobrindo os encantos de cada curva,

imaginando o que virá,

e o que  verei depois.

 

Viver é correr riscos,

é descobrir segredos e mistérios de cada miragem,

é viajar com o tempo,

mirar o horizonte,

não temer o desconhecido,

enfrentar cada desafio,

lutar por cada sonho.

 

Cadenciar a marcha,

por mais longa e difícil que seja a jornada.

Marchando com fé e obstinação ,

pois  viver é sonhar cada viagem,

sem fim… sem fim… sem fim...

 

Dedicatória

Agora, fiz esta melodia inspirado no horizonte.

Hoje, nos meus 70 anos, depois de tanto tempo vivido, dedico aos

meus filhos Maria Eduarda , Maria Cristina e Otávio , parceiro

neste trabalho.

Dedico também a cada amigo ou pessoa que ao ouvi-la ,

possa , quem sabe , ter a motivação para sonhar e viajar,

sem fim... sem fim....sem fim ....

sexta-feira, 11 de abril de 2008

O VENTO E A CANÇÃO

Texto : Everardo Magalhães Castro . 7 /04 / 04

O vento, viajando pelo ar

traz a inspiração.

A inspiração atinge a cabeça

e flecha o coração.

O coração alcança as mãos.

Nas mãos, nasce a canção.

Poema de Junho

Texto : Everardo Magalhães Castro , 12 /06 / 04

Sou o meu palhaço,

sou o meu cantor.

Bato palmas para mim, ... E as vaias também.

Corro na corrente do meu rio,

vôo nas minhas asas de condor.

É a vida, a alegria, a dor.

Viajo com as minhas fantasias,

São as mais lindas manias.

Vivo no palácio da minha criança,

onde mora a melhor esperança:

a de vê-la se encontrar

com personagens e cenas queridas

que embalam sua inocência

e tempos do amanhã.

E agora me despeço.

Vou viajar.

Vou buscar o arco-íris que perdi.

Vou sonhar pra te encontrar.

O vôo da Aguia

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Texto: Everardo Magalhães Castro, Rio 09 / 06 / 04


Gosto de ver os programas da Discovery na TV .

Vi um sobre a Águia. Ela no alto de penhasco junto com seus filhotes que , bicos abertos , manifestavam fome.

Breves considerações sobre a Águia :

Ave solitária .

Isolada no alto dos penhascos, tem vocação para as alturas.

O caminho da águia é o céu. É a rainha dos espaços.

Não voa em bandos.

Refugia-se no cume de uma montanha para , sozinha , enfrentar sua própria realidade.

Com suas possantes asas, sempre que divisa no horizonte nuvens

escuras, relâmpagos riscando o céu, agiganta os seus esforços e voa com intrepidez para as maiores alturas , pairando acima da tempestade, onde sobrevoa com perfeita bonança.

A águia produz em si mesma a renovação e, para isso, precisa de muita coragem. A primeira coisa que faz é interromper suas atividades.

Neste período isola-se , monasticamente, no alto dos penhascos.

Começa a arrancar suas penas velhas. Todas.

Seu corpo fica desfigurado, num estado deplorável. Depois de alguns dias começam a nascer penas novas, lindas e fortes.

Ganha nova aparência : torna-se bela, encantadora, deslumbrante.

Próximo passo é esfregar seu bico na rocha que , cheio de crosta, vai ficando fraco. Ela o esfrega sofregamente , até sangrar. Após este processo cresce um bico novo e duro como aço.

A última etapa é bater suas garras na rocha. E, o faz com força, várias vezes, até que a camada , envelhecida e calosa , seja arrancada.

É um processo de autoflagelação. Depois, as garras começam a brotar com toda pujança e vigor, fortes como o ferro, ficando completamente renovadas.

Após todo este processo de renovação revitalizadora ela está pronta para a luta pela vida. Para combater , vigiar e alimentar a sua prole. Renasce nela um certo ar de nobre arrogancia.

Voltando ao início deste texto, recordo que a águia estava junto com seus filhotes de bicos abertos , com fome.

Atenta e sensível a estes anseios , aponta seus grandes olhos para a planície em busca de uma presa que pode ser um coelho, uma preá, ave ou réptil qualquer. Ela tem missão a cumprir, e nisto é absolutamente determinada. A coisa é séria . Entra em campo.

Vai colocar em pratica duas armas vitais e mortais: seus percucientes olhos e suas poderosas e afiadas garras.

Os olhos de águias possuem um poder de resolução 2 a 3 vezes

maior do que o olho humano.

“ Esta diferença se deve, em primeiro lugar , à dimensão dos olhos, particularmente da câmara posterior ( espaço compreendido entre o cristalino e a retina ) resultando em uma ampliação da imagem focalizada na retina. Esta ave de rapina recebe bastante luz nas condições normais de caça. Caçando no vôo precisa de um bom julgamento de distância. Para isto possue uma segunda fóvea que pode ser usada em conjunção com o outro olho para fornecer uma excelente visão de profundidade.” Ver livro Vision in Vertebrates, de M. A . Ali e M.A. Kline, 1985 Plenum Press , New York

Subito, ela vê na planície um coelho dando seus acrobáticos saltos. Concentra-se. Faz cálculos, tão bons – quem sabe melhor - que qualquer computador. Fechando suas asas lança-se ao ar, em linha reta e alta velocidade , qual mortífera flecha. Alcança, com precisão , sua presa.

Depois alça vôo e , com firmeza nas garras , leva alimento para os seus filhotes.

O exemplo da águia nos faz lembrar da condição humana ,quando:

o medo de mudar pode prejudicar nosso futuro, não pela ausência de  possibilidades mas pela falta de coragem para romper com o passado.

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Inspirado no que vi , ouvi e li , resolvi fazer uma música com o

título O Vôo da Águia.

Tentei , espero que tenha conseguido, reproduzir musicalmente tudo que minha visão e percepção puderam alcançar.

Como compus a música :

No inicio procurei passar a idéia da águia no ninho com seus filhotes. Ela está atenta . Precisa caçar , os filhotes reclamam.

Vê a presa ------------------------------- ----( CD 1 m e 10 s )

Concentra e se lança em voo vertiginoso

( som dodecafonico e fuga )----------- ----( CD 1 m e 24 s )

Pega a presa -------------------- ----- -------( CD 1 m e 50 s )

Prepara o vôo de retorno ao ninho. Assunto complicado pois a presa é pesada e a águia não gosta de errar.

------------------------------------------------ ( CD 1 m e 58 s )

A melodia do voo , retornando ----------( CD 2 m e 36 s )

A melodia da festa da alimentação --- --( CD 3 m e 47 s )

A melodia da paz , missão cumprida.--- ( CD 4 m e 48 s )

Tempo total : 6 m e 55 s

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Lembrei-me do querido amigo Tom , que cantou a nossa mata , rios, fauna e pedras, com suas lindas melodias. Que fez lembrança e deu dignidade ao Urubu. Tom - ontem , hoje e amanhã, no Brasil e no mundo - o maior melodista de todos os tempos . A águia , nele vivia..... e vive.

Nossa bússola e quia, está presente cada vez mais na nossa vida, na alma de todos nós compositores.

E é para você , Tom , que eu dedico esta música.

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Meus agradecimentos ao casal Valdir e Fátima que , cientistas da UNB ( Universidade de Brasília ), me deram dados sobre a acuidade visual e comportamento das águias.

Agradeço também ao companheiro Élcio Leite , permanente pesquisador na Internet , que conseguiu para mim o pio da Águia.

Para o Chiquito Braga também , velho amigo, dedico este trabalho.

Tom , águia voando nas nuvens mais altas ; Chiquito , águia no violão , ..... e que se renova em cada amanhecer .

Mobilizei , espiritual e concretamente , estes queridos amigos.

Depois conversei algum tempo com meu coração,

que passou para minha silenciosa alma.

Da alma veio a inspiração que atingiu as minhas mãos .

Das mãos , no piano , nasceu o som .

Surgiu, então... a canção .

Martha , um mar de poemas

Texto: Everardo Magalhães Castro, Rio 01 / 08 / 90


Sua pena desliza sobre o papel como ondas intensas e fortes.

Não é possível ler seus seus trabalhos sem profunda reflexão

e sensação de ENCONTRO.

Encontro de quem lê e percebe que já viu ou viveu algum

momento por ela escrito.

Porque poeta é aquele que coloca nas páginas tudo aquilo

que sente, vestindo e colorindo as palavras, adornando as frases,

para o GRANDE ENCONTRO que é POETA- LEITOR.

E, nesta magnífica convergência resulta uma verdadeira SINTESE

da vida- de passados , presentes e futuros. É a vivencia da

RECENTRAÇÃO ( plano existencial no qual as pessoas permutam

emoções e amor ) como lembra o filósofo francês

Teilhard de Chardin .

Seu belíssimo e tenso poema “ A ULTIMA PALAVRA “ tem som de

despedida. De quem fez o último poema, por uma última razão.

seus amigos e admiradores não querem o som de despedida.

Esperam que este livro longe de ser rubro crepúsculo , belo , mas

que se finda , prenuncie CANTO-AURORA de uma obra a se

Multiplicar.

Ficamos felizes também ao ver que a nossa inquieta Bagé,

mais uma vez, transborda da Campanha para o cenário-maior

Do Estado e do país.

E que venham outros poemas, tantos quantos sua sensibilidade

lançar , porque essas contribuições de alma e cultura é que

enriquecem a nossa vida.



Obs. Martha , minha amiga , é casada com Paulinho, agrônomo que atendia

Minha fazenda em Bagé

Exposição de Wilma Lacerda

Texto: Everardo Magalhães Castro, feito em 19/02/1972, na apresentação das suas pinturas , em Cabo Frio.



“Pintar é como tomar uma droga sem a droga. O mundo se multiplica, as cores se desdobram, as formas, pelo contrário, reduzem-se a certas linhas essenciais, com as quais foi feito o universo”. Pintar é comunicar-se. Carlos Lacerda – O Cão Negro.

É isto que Wilma Lacerda consegue: comunicar-se, e rápido.

Morando e vivendo em Búzios – Cabo Frio, no recanto de paz que é o seu atelier, Wilma, moça meiga e traquila, nos seus 25 anos, concentrou-se. Aperfeiçoou-se, viu, vê, sabe das coisas. Dona de inefável vida interior.

Logo descentrou-se para distribuir pelo amor, com amor, toda sua pureza e vivência, aos privilegiados que a conhecem e respeitam seu silêncio e estimam o seu pensar.

Creio que Wilma já alcançou a recentração, no amor a tudo e a todos. No observar cada gesto irmão, no compreender angústia próxima, a solidão de quem sorri forçado, ou no entender a palavra desesperada da pessoa que dizendo “estou na minha”, em realidade, sofre na busca, na procura de quem lhe dê a mão.

Atingindo estes 3 estágios, Wilma situa-se naquela planície humana que Teilhard de Chardin fala no seu livro, Todo Poesia, Sur le Bonheur.

Ela não é espectadora. Participa de toda vibração cósmica, pois, como lembra Bertrand Roussel, é em uma profunda e instintiva união com a corrente total da vida, que está a maior de todas as alegrias.

Aluna de Ivan Cerpa e Lula Cardoso Aires, em pouco tempo forjou sua individualidade, traçou seus próprios caminhos.

Sua última série de quadros é uma homenagem a Tarcila do Amaral, e ficou batizada como Mussangulá. Mussangulá é termo nordestino que significa um estado de espírito, uma atitude de caboclo que, que, encostado num canto qualquer, torna-se contemplativo, pensando em cousa sem nexo.

Nessa série, de um surrealismo surpreendente e forte impacto, Wilma focaliza o tema sempre atual da mulher e seu destino.

Para onde ir? Que estrada seguir? Viver o dia-hoje ou projetar com esperança? Romper as barreiras? Cortar as raízes?

Em quase todos os seus quadros, nota-se a presença do destino, representado pelas 3 mulheres que o regem (segundo a mitologia grega) Clato, Laquesis e Átropo.

Vivendo em Búzios, lugar de mil encantos e contradições, fonte de fuga, prazer, de encontro e desencontro, sitio, também, do tumulto e da perdição, Wilma, em contato, sobretudo, com as moças que lá vão, soube detectar toda uma angústia e solidão, que transparecem em algumas jovens, ainda que bonitas e, aparentemente, alegres.

Percebeu que a agitação toda é apenas uma cortina para esconder, ou disfarçar, um estado de espírito atormentado e difuso.

Entendeu, com a sua condoriana sensibilidade, que o “estar na minha” é mais um dizer do que ser, é mais um grito do que um canto, é mais um apelo do que satisfação.

Como encontrar a felicidade sem amor? E como amar sem dar de si?

Ser no outro ser é ser mais. Fechando-se, em si mesmo, ninguém poderá ser feliz. Wilma sabe de tudo isto e diz, fala na sua pintura. Seus quadros têm um som. Um som que envolve e perturba. Não são quadros, apenas, para ver e gostar. São quadros para ver e pensar. É som para ouvir e jamais esquecer.

Foi bom que Wilma surgisse na vida: “Car tu se qui est plu, vrais se trouve; et tu ce qui est meilheur finit par arriver”.

Brancas montanhas

Texto: Everardo Magalhães Castro

Brancas montanhas

Lençol brando ao redor

Braços brancos de Deus,

Adeus.

Espuma do mar acima,

Caminho do céu.

Verdes campos abaixo.

Casinhas, vaquinhas ...

Brancas montanhas

Braços brancos de Deus,

Adeus.

Mozart, Lausanne.

Epesses, Gruyères.

Amour, sourire ... espoir

Première or Dernière.

Adieu.

Obs. Este poema foi feito em Vevey , a beira do lago Lehman , Suiça.